Adaptação do filho na nova escola
Para os millenials, usar as novas tecnologias é uma evolução darwiniana, uma adaptação do ser humano ao novo meio, uma sociedade conectada por estradas digitais onde o conhecimento passou a trafegar, ser compartilhado, comentado, questionado, criado e recriado. E não apenas decorado.
A discussão em torno da adoção das novas tecnologias como ferramentas pedagógicas já não parece fazer mais sentido. É coisa do passado. A questão deixou de ser se os alunos devem ou não passar a usar celulares, tablets, softwares, apps, games, robótica e outros recursos digitais no dia a dia dos estudos, mas sim quais estratégias de ensino as escolas devem desenhar para que sejam inseridos no contexto educacional garantindo uma aprendizagem significativa mais alinhada com as demandas dos nativos digitais.
Antes de mais nada, é preciso assumir que o mundo não é mais o mesmo. É preciso alertar os educadores para o despertar de um novo homem, uma evolução do homo sapiens – o homo mobilis. No caso, o aluno mobilis.
Esta nova espécie já nasceu sabendo como usar um dispositivo móvel conectado à Internet. Por isso, claro, é fácil compreender por que este modelo escolar da revolução industrial já não faz mais nenhum sentido para os alunos nascidos depois do ano 2000, que hoje estão no Ensino Médio. Afinal, tudo está na nuvem e não há a mínima razão para decorar o teorema de Pitágoras.
Em segundo lugar, temos que refletir se estamos realmente preparando nossos jovens para uma sociedade em frenética transformação. Como já abordei em meu último artigo, o mercado de trabalho será dominado pela inteligência artificial e a robótica em diversos setores, eliminando qualquer atividade que possa ser automatizada.
Será mais valorizado quem tiver criatividade, souber se relacionar socialmente e associe saberes em diferentes campos. O aprendizado precisa se tornar multidisciplinar e um futuro nada distante mostra a urgência de não apenas acelerarmos o uso das ferramentas digitais na educação, mas de rapidamente aprendermos a como transformá-las em poderosos recursos para engajar e encantar os alunos.
O mobile learning não é mais uma tendência e transformou-se rapidamente em realidade. Basta observar a facilidade que os millenials têm no domínio das tecnologias para entender que, na verdade, estamos apenas na ponta do iceberg.
Há muito mais a explorar. Há muito mais a inventar.
O conceito de Bring Your Own Device já foi indicado como uma tendência de curto prazo, 1 a 2 anos, no relatório The NMC Horizon Report de 2014. O mesmo relatório já apontava o Cloud Computing como recurso a ser adotado nos próximos 2 anos, Games e Learning Analytics para 2 a 3 anos e a Internet das Coisas e a tecnologia Wearable para 4 a 5 anos.
A prévia do mesmo relatório deste ano de 2017 indica como tendências para o prazo de 1 a 2 anos a programação de códigos como disciplina e o crescimento do aprendizado STEAM e, para os próximos 3 a 5 anos, o crescimento do foco na mensuração do aprendizado e o redesenho dos espaços de aprendizagem.
Esclarecido que a conversa não gira mais em torno se faz ou não sentido levar a tecnologia para sala de aula, vamos analisar qual tem sido seu papel no processo de aprendizagem.
O tablet já faz parte das nossas vidas há 10 anos, desde 2007, quando a Amazon apresentou a primeira geração do Kindle, o pioneiro leitor digital que permitiu colocar a biblioteca no bolso para acessar e ler livros a qualquer hora e em qualquer lugar.
O iPhone também celebrou seu décimo aniversário no último dia 29 de junho, quando a Apple surpreendeu o mundo com o lançamento de um celular inteligente com tela touch e uma gama de aplicativos, um objeto de desejo que rapidamente se popularizou e transformou profundamente nossos hábitos em como pesquisamos informação, consumimos notícias, devoramos o último best seller, vamos ao banco ou fazemos compras.
O iPad chegou ao mercado em 2010 para inaugurar uma nova categoria, a dos tablets, com telas maiores que, assim como o Kindle, também passou a permitir o armazenamento de e-books.
E nas escolas? Como nossos alunos estão utilizando as novas tecnologias?
Sim, temos tido avanços significativos. Não há como negar que as novas tecnologias vêm conquistando cada vez mais espaço, mas a percepção do real valor como itens indispensáveis na lista de material escolar ainda não parece refletir todo potencial e benefícios que podem trazer de fato.
Para os millenials, usar as novas tecnologias é uma evolução darwiniana, uma adaptação do ser humano ao novo meio, uma sociedade conectada por estradas digitais onde o conhecimento passou a trafegar, ser compartilhado, comentado, questionado, criado e recriado. E não apenas decorado.
Com um laptop, smartphone ou tablet nas mãos, as novas gerações foram empoderadas com uma ferramenta que, ao final do dia, traz aos professores a oportunidade de também aprenderem com seus alunos por meio de informações acessadas e compartilhadas por eles.
Do alto do tablado, em frente a alunos enfileirados, despejar a próxima lição sem esperar receber questionamentos além dos propostos no currículo é algo inimaginável e que não faz parte do contexto presente na Educação 3.0.
No modelo educacional que sustentou a Era Industrial, não se esperava que os alunos soubessem mais que o necessário para prova. O ideal sempre foi que não fugissem do roteiro de aprendizado já desenhado há mais de um século e que a pesquisa ficasse restrita ao tempo e espaço da biblioteca.
Mas os alunos da geração digital querem mais, muito mais. E privá-los de ter acesso às novas tecnologias pode ser considerado o equivalente a proibir o uso de lápis e borracha nas escolas, que ainda hoje insistem em sufocar o estudo entre quatro paredes enquanto crianças descobrem como usar um gadget antes mesmo de aprender a andar.
Os educadores têm o desafio urgente de romper com os modelos tradicionais de ensino para colocar os alunos como líderes da construção de seus próprios futuros. É chegada a hora de virar a mesa (ou a carteira) e começar a aprender o que realmente interessa, respeitando a individualidade, as diferenças, as vocações e, acima de tudo, considerando um mercado profissional que está em frenética transformação, onde muitas profissões vão morrer e outras que nem sequer imaginamos ainda serão inventadas.
Nesta direção, o mobile learning será preponderante.
De posse de um tablet ou smartphone para chamar de seu, o aluno terá maior motivação para desenvolver suas atividades com um olhar que vai muito além da arquitetura da escola e da sala de aula. O dispositivo mobile é seu passaporte para um universo infinito de conhecimento que está pronto para ser desvendado, a qualquer hora, em qualquer lugar, em qualquer língua, em contato com outras culturas e nações a continentes de distância.
Ninguém discutia a importância da lousa, dos livros, dos cadernos, dos lápis, réguas, borrachas e canetas esferográficas como ferramentas para estudar. E não vejo razão, da mesma forma, para questionarmos a adoção das novas tecnologias, que inegavelmente já estão mais do que integradas ao nosso cotidiano social e profissional e, também por isso, não podem ficar de fora justamente do processo educacional.
Leia mais a seguir:
Como a tecnologia pode preparar seu filho para o futuro?
Até o próximo post.