Por que seu filho não precisa mais ser um aluno Nota 10 ?

E a escola do seu filho? Ela o está preparando para se tornar um empreendedor?

Tenho participado como palestrante e visitante em inúmeros eventos sobre educação no Brasil e no exterior e não é novidade que a temática da inclusão das tecnologias digitais na escola tomou conta das discussões nos últimos anos. A sensação que tenho, depois de acompanhar diversos painéis e conhecer de perto centenas de soluções de edtech, é que o debate sobre usar ou não tecnologia está se tornando cada vez mais inócuo e sem sentido.

Estive no mês passado no BETT, em Londres, palco anual para o lançamento e apresentação de novos produtos e serviços desenhados para revolucionar a educação.

Pelos corredores da Feira vi de tudo: realidade virtual, realidade aumentada, programas de big data e análise de dados, lousas digitais, aplicativos, kits de robótica e incontáveis soluções para estruturar escolas equipadas com as últimas tecnologias.

A edição deste ano me chamou a atenção para o que venho insistindo há algum tempo: a tecnologia já oferece um enorme arsenal de gadgets e softwares para colocar em prática uma educação inovadora; o que falta é mudar o mindset das escolas para reconhecer que a grande transformação não está no emprego da tecnologia em si, mas em entender quem é o aluno que hoje frequenta a escola, como ele pensa, quais são seus interesses e como ele aprende. Além disso, por que ensiná-lo? Para quais oportunidades profissionais, pessoais e sociais?

E se este é o cenário, será que basta somente investir em tecnologia para construir uma escola do futuro? Definitivamente, não.

A grande mudança, a meu ver, está em repensar os modelos educacionais enraizados há séculos desenhados para ter foco no currículo e ser de um único tamanho para todo mundo, ou seja, todo mundo aprendendo a mesma coisa ao mesmo tempo. A escola precisa reconhecer que está se tornando cada vez mais obsoleta e dispensável para estudantes que já nasceram sabendo como usar um smartphone e não precisam mais vestir o uniforme e ir exclusivamente à escola para aprender.

Qualquer criança ou jovem pode acessar conteúdos disponibilizados pela escola em que está matriculado, mas também em bibliotecas virtuais de outras escolas e universidades de outros países. Com o Google Maps, podem estudar geografia e conhecer o mundo. Através de video-aulas disponíveis no YouTube, conseguem aprender ou rever matérias com uma linguagem muito mais acessível aos nativos digitais. Não é preciso sair de casa para visitar museus em outros países. Através das redes sociais e de plataformas de mensagem conseguem formar grupos de estudo com alunos da sua escola ou de qualquer escola do mundo.

O momento de aprendizado não está mais restrito à sala de aula e o professor passa a ter um novo papel, o de mediador do processo de aprendizagem dos seus alunos, estimulando à pesquisa, à reflexão e à prática.

Se o aluno do século XXI precisa se preparar para atuar em profissões que sequer foram inventadas, qual a razão de nossas escolas ainda continuarem a formar para profissões que irão desaparecer? Se podem ser muito mais autodidatas e explorar habilidades que têm maior interesse em desenvolver, qual o motivo de serem obrigados a seguir uma grade curricular inflexível e a continuar estudando da mesma forma que todos os outros, sem respeitar suas individualidades e sem desenvolver suas potencialidades? Não faria mais sentido, desde o ensino fundamental, permitir que construíssem suas próprias jornadas de aprendizado e incluíssem conteúdos que têm mais relação com seus projetos de vida?

O cerne da questão não está na tecnologia, mas no entendimento de que a escola, desde os primeiros anos, deve priorizar uma educação mais empreendedora e não uma formação que irá entupir os alunos de conteúdos e conhecimentos que não levarão para vida toda.

A criança, observem, é uma empreendedora nata. Só é preciso estimular a criatividade para despertar este potencial e perceber como elas conseguem, despidas de preconceitos e amarras, pensar fora da caixa.

Já experimentou dar um brinquedo novo a uma criança e ficar observando sua reação? Faça o teste. Ela vai fazer de tudo: virar o presente de todos os lados, abrir, desmontar e remontar até cansar, não é mesmo? Isso nada mais é que o impulso criativo se manifestando da maneira mais pura e espontânea. É a busca por descobrir o mundo.

Agora, pense comigo: o que acontece quando essa criança chega à escola? Infelizmente essa liberdade criativa não é valorizada. Pelo contrário: em vez de incentivar o aprendizado prático, as escolas despejam toneladas de teorias e fórmulas sem conexão com a vida pessoal ou profissional.

O modelo educacional da era industrial foi desenhado para formar pessoas que, no futuro, vão procurar emprego, e não empreender. As futuras gerações precisam desenvolver as competências necessárias ao profissional do século XXI. O que precisamos é de uma escola que forme profissionais com espírito empreendedor, que sejam empreendedores de suas vidas.

Essa visão é importante porque, nos próximos 10 ou 15 anos, quando nossas crianças e jovens chegarem ao mercado do trabalho, o mundo corporativo será totalmente diferente do que conhecemos hoje. A economia criativa vai demandar – e isso já está acontecendo – pessoas inovadoras, visionárias e, acima de tudo, empreendedoras, resilientes e com criatividade para solucionar problemas.

Transformar este sonho em realidade passa obrigatoriamente por uma remodelação profunda dos arcaicos modelos educacionais que ainda imperam na maioria das instituições de ensino. O estudo “Perfil do Jovem Empreendedor Brasileiro” traz um alerta particularmente aos pais que leem este artigo e estão preocupados com os rumos da escola de seus filhos: entre os jovens entrevistados, 86% dizem não ter passado na escola por nenhum tipo de preparação para empreender.

O dado mostra que a formação empreendedora ainda é uma realidade distante dos bancos escolares. Para mudar isso, o primeiro passo é analisar os bons exemplos nessa área e segui-los. O Sebrae, uma das principais referências em empreendedorismo no País e que já auxiliou diversas gerações de empreendedores brasileiros, é uma boa inspiração para os educadores. Um dos projetos de formação empreendedora desenvolvidos pela instituição é realizado em Belo Horizonte.

A Escola do Sebrae na capital mineira mantém o Projeto Vitrine, que ensina os adolescentes a conceber uma empresa, da ideia inicial à elaboração do modelo de negócios. Os estudantes aprendem a trabalhar com todos os aspectos envolvidos nesse processo, como questões operacionais, mercadológicas e financeiras. Durante o projeto, eles são acompanhados por um mentor. O objetivo é preparar os alunos para que saiam da escola com conhecimento de mercado e sabendo implementar todas as etapas na construção de um novo negócio.

Precisamos virar a página. Devemos transformar de verdade as estratégias de ensino, passando a valorizar conceitos como o de aprendizagem baseada em projetos e projetos colaborativos online, abrindo as janelas da escola para um mundo de conhecimento lá fora. A tecnologia está aí e o que não falta são ferramentas para transformar de vez a educação. Só falta mesmo é deixar que os alunos coloquem as mãos na massa.

E a escola do seu filho? Ela o está preparando para se tornar um empreendedor?

Até o próximo post.

Agora em 1º de dezembro nasceu Max, filha de Mark Zuckerberg, e ele ganhou outro título no Facebook, além de cofundador e CEO: o de pai mais clichê da rede social. Tudo isto devido à uma foto em que ele troca as fraldas dela.

Por enquanto não é possível saber se ela irá seguir os passos empreendedores de Zuckerberg e Priscilla Chan, porém conselhos sobre o tema não irão faltar para a herdeira. O avô de Max (o dentista Edward Zuckerberg) também é empreendedor e deu uma série de dicas sobre como criou seus filhos para o mundo do empreendedorismo.

Veja abaixo os conselhos para criar filhos mais empreendedores:

1. Lidere pelo exemplo

Edward Zuckerberg é um dentista e ainda hoje ele e a mulher, Karen, tocam um consultório em Nova York. Assim, o jovem Mark passou a infância e a adolescência vendo os pais criarem seu próprio negócio – que também tinha uma série de equipamentos tecnológicos.

Em uma entrevista para uma rádio local, Edward conta que seus filhos cresceram indo ao escritório, o que fez com que eles ficassem expostos a computadores por bastante tempo. “Isso com certeza estimulou o interesse de Mark pela tecnologia”, afirmou o pai do empreendedor.

2. Dê segurança aos seus filhos

Você já deve ter visto alguns casos de empreendedores que criaram seu negócio sem ter nenhum apoio – seja ele financeiro ou emocional. Porém, o mais comum é que quem tenha um suporte seja mais inclinado a tomar riscos.

Edward Zuckerberg decidiu criar esse colchão antes mesmo de se casar: mesmo gostando muito de computadores, decidiu cursar odontologia, considerada uma carreira estável e lucrativa.

3. Descubra e desenvolva os interesses deles

Um conselho que Edward Zuckerberg aprendeu com sua esposa é não direcionar o modo de vida dos filhos. Pelo contrário: é preciso reconhecer quais são suas habilidades e ajudar no desenvolvimento dessas paixões. Como exemplo, o pai ensinou Mark Zuckerberg a programar no microcomputador Atari 800.

4. Mostre orgulho dos seus filhos

Ao falar sobre Mark para uma rádio local, Edward Zuckerberg o descreveu como “um bom estudante”, “com uma afinidade especial para matemática e ciências”. Também contou que ele é “um cara quieto” e que “não gosta de se gabar de suas realizações.”

Tudo isso para dizer que todo pai deve mostrar que se importa com seus filhos. “Eu tenho orgulho do que ele conseguiu, assim como tudo que todos os meus filhos já conquistaram.”

5. Estabeleça limites (e cumpra)

Ainda em sua entrevista para a rádio, Edward afirma que é preciso que os pais tenham uma postura que diga imediatamente aos filhos desobedientes que “esse é um comportamento que não será tolerado”. “Se você compartilhar seu desgosto sobre certas atitudes logo no começo das vidas dos seus filhos, eles já saberão como você se sente sobre certos assuntos”, diz o dentista.

6. Porém, também incentive a hora da brincadeira

Nem tudo é disciplina. Edward conta que o fundamental é saber equilibrar regras com espaços para a criatividade. “Eu acho que extremos, em qualquer forma de ser um pai, não são bons. Crianças precisam ser versáteis. Tem um momento para trabalhar e outro momento para brincar”, afirma o dentista, também em entrevista a uma rádio local.

7. Leve o equilíbrio também para sua vida

Assim como os filhos, pais também precisam equilibrar tarefas e lazer. Ao ser perguntado se a esposa trabalhava quando os filhos eram pequenos, o dentista respondeu que Karen “agia como a Mulher-Maravilha.” “Nós tínhamos uma situação única porque nosso consultório era em casa, e eu recomendo fortemente essa situação, se sua profissão for compatível com isso.”
exame.abril.com.br/pme/noticias/pai-de-zuckerberg-ensina-como-criar-filhos-empreendedores
Mark Zuckerberg acenando

Até o próximo post.